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DE : Claudia Lessa

Relato do primeiro show

Minha estréia na platéia de Fagner foi em 1979.
Havia conhecido a sua música numa fitinha cassete, de um ex-namorado, nas férias daquele ano em que passei no interior. Fiquei completamente apaixonada por aquele som que definia apenas como “diferente”.
Naquelas alturas, já havia iniciado a caça pelas lojas de discos para fazer a coleção dos LPs do meu ídolo. Pois bem. O show foi anunciado para acontecer no Balbininho, em Salvador. Fiquei em êxtase quando soube a notícia.
No dia D, quando as bilheterias foram abertas, lembro que sai andando com meu irmão do bairro em que morávamos (Garcia) até o local do evento, numa distância que nos consumiu uma hora e meia de caminhada sob sol a pino, para comprar antecipadamente os ingressos.
Mas isso foi nada diante da minha emoção e ansiedade de assistir pela primeira vez a uma apresentação ao vivo do meu artista. A noite, aconteceria o tão esperado show e meu pai nos deixou no local.
Como chegamos cedo (claro!), conseguimos descolar um lugarzinho privilegiado nas arquibancadas. Expectativa. Mãos suando. Frio na barriga. Gritos da galera de “tá na hora”. Multidão, emoção, comoção. Fagner no auge da sua carreira. Imaginava ser a fã nº 1 de Fagner e eis que “descubro” que ali eu era apenas “mais uma” na multidão (risos). Eu, tímida, me limitava a observar o clima eufórico do showbizz. Eis que as luzes da platéia se apagam e o facho de luz foca no palco a entrada da estrela. “Um dia vestido, de saudades vivas...” , soltou o vozeirão sob os gritos ainda mais enlouquecidos do público. Assisti ao show completamente incrédula de estar ali de cara com Fagner. Mas o inusitado estava por vir. Enquanto ele se despedia, eu (não sei como!) me posicionei ao lado do palco, onde dava-se o acesso para o camarim. Ele jogava seus infalíveis beijos para a platéia quando tropeçou na escadinha e segurou no meu ombro para se equilibrar. Deu uma risadinha pra mim e foi-se embora. Foi tudo tão rápido, acho que eu driblei os seguranças, nem sei dizer como consegui ficar tão perto. Durante o trajeto de volta para casa, contei a meu pai a minha “façanha”, ou melhor, a minha “sorte” de Fagner ter segurado em mim. Nunca esqueço meu pai dizendo às gargalhadas: “Aí, meu Deus, não vai lavar esse ombro tão cedo!” (risos). Bom, no final dos 80 me tornei jornalista (repórter de cultura), o que me deu um contato mais direto com a música e, posteriormente, uma aproximação profissional com Fagner. (Obviamente, nunca contei essa história adolescente pra ele). Já o entrevistei várias vezes ao longo desses últimos 13 anos. O suficiente para nos tornarmos conhecidos e ele me receber sempre com carinho e respeito. Hoje (1º /11/2005), entrando nesse site para ver se colhia alguma novidade sobre o cantor, que faz show em Salvador no próximo dia 4 (estou fazendo a matéria), me bati na sessão Relato Primeiro Show e senti vontade de escrever...

Cláudia Lessa
Salvador-Ba