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Beleza

Fagner
do disco "Beleza"

Beleza só se tem, quando se acende a lamparina
Iluminando a alma, se entende a própria sina
E quando se vê o arame que amarra toda a gente
Pendendo das estacas, sob um sol indiferente

Beleza só depois, de uma sangria desatada
Aberta na ferida dos perigos do amor
E quando se afasta a sombra triste do remorso
Que faz olhar pra dentro para enfrentar a dor

Repara este silêncio que se estende na janela
Repassa o teu passado e come o lixo que ele encerra
Vagar sem remissão é também parte da questão
Juntar estas migalhas para refazer o pão

Não é da natureza que ele surge confeitado
Mas é desta tristeza, deste adubo de rancor
Beleza é o temporal que suja e corta uma visão
Esmaga qualquer sonho como um grito de pavor