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Fagner e o cinema

 

Desde o início de sua carreira, em 1973, que Fagner tem uma ligação estreita com o cinema, pois ele participou da trilha sonora do filme “Joana Francesa” do diretor  Cacá Diegues.  Além do compacto que saiu com a canção título, de autoria de Chico Buarque, Fagner faz vocal em algumas sequências do filme.

 

Em 1978 o cineasta e diretor da Cinefor (Cinema e Informação Ltda), -Sérgio Santos - era amigo e vizinho de Fagner no prédio da Eqüitativa, em Santa Teresa, RJ.  Dessa amizade e também admiração pelo artista, Sérgio fez o primeiro curta-metragem que se tem notícia sobre Fagner.  Rodado de forma independente e com recursos do próprio cineasta, esse curta metragem foi exibido em vários cinemas do Rio de Janeiro na ocasião, pois ele era o curta que abria o filme “Os embalos de sábado à noite” , com John Travolta, grande sucesso de bilheteria.  Graças à essa veiculação em muitos cinemas,  Sérgio Santos chegou a receber algum dinheiro da Embrafilme e com certeza, Fagner ficou mais conhecido do grande público.  O curta, intitulado “Raimundo Fagner” tem a duração de 15 minutos - como era  obrigatório pela lei dos curtas da época -  e mostra cenas históricas do show que ele fez no Teatro Municipal de SP em 1978.   Outras imagens raras são Fagner cantando ao violão, na janela de seu apartamento e sendo acompanhado por um passarinho que ele mantinha na gaiola pendurado em sua janela.  Há também cenas dele jogando futebol em companhia de Robertinho de Recife e dirigindo seu carro.

 

Nos anos 80, Fagner se aventurou mais um pouco e fez uma ponta no filme que conta a história do jogador Zico.  Ele interpreta um feirante.

 

Já em  agosto de 1989 começaram no município de Pirenópolis, Goiás, as filmagens do longa “Santa Dica – República dos Anjos”, do diretor Carlos Del Pino, uruguaio radicado em Brasília.  O filme conta a história de Benedita Cipriano Gomes que viveu nos anos 20 em Goiás.  Bonita, inteligente, médium e capaz de curar as pessoas, Benedita logo atraiu uma multidão de fiéis ao seu redor que passaram a chamá-la de “Santa Dica”.  Em pouco tempo Santa Dica passou a influenciar até a política da época,  o que lhe trouxe muitos problemas.  Em uma visita ao Rio de Janeiro, Santa Dica conheceu o poeta e escritor Jorge de Lima que lhe dedicou um longo poema.  É justamente aqui que Fagner entra na estória.  Ele interpretou nesse filme o papel do poeta Jorge de Lima e também musicou parte do poema que Jorge de Lima dedicou à mística goiana e que faz parte da trilha sonora do filme.  O violeiro Roberto Corrêa também participa do filme como ator e fez a trilha sonora.  A personagem principal é interpretada pela atriz brasiliense  Denise Milfont (sobrinha do cantor e compositor cearense Gilberto Milfont) . Quem também participou do filme foi Tânia Alves, Marcelo Picchi, Edney Giovenazzi e B. de Paiva (ator cearense que ficou conhecido ao atuar  no filme “Tigipió”).

“Santa Dica – República dos Anjos”  nunca foi lançado comercialmente .  Ele foi exibido apenas uma vez, em Brasília.  Devido a desentendimentos entre o diretor e o distribuidor do filme, ele nunca chegou aos circuitos.  Infelizmente não tivemos a chance de ver ainda como Fagner  se saiu no papel de Jorge de Lima, nem ouvir a canção que ele fez em cima do poema  “Santa Dica” cujos versos são os seguintes:

 

A ROUPA DELA TINHA CHEIRO DE ALECRIM.
ROUPA DE CAÇA,
TRANÇA GRANDE,
LAÇO AZUL
QUE NEM SANTA DE VERDADE!
SANTA DICA, ORA POR MIM!
QUANDO ELA FICOU MOÇA
FICOU SANTA,
FEZ MILAGRES,
CUROU GENTE,
CUROU BOUBAS,
ESPINHELAS.
CUROU TUDO,
CUROU MOLÉSTIAS-DO-MUNDO,
CUROU MAIS QUE PADRE CÍCERO ROMÃO
SANTA DICA, ORA POR MIM.(...)
SANTA DICA DO RIO DO PEIXE,
SANTA DICA DE GOIÁS,
SANTA DICA DO SERTÃO
ORA POR MIM!
RIO DO PEIXE DE SANTA DICA,
RIO DO PEIXE – RIO JORDÃO
QUE LAVASTE SANTA DICA...
RIO DO PEIXE?
-NÃO.
-RIO DO CÃO.
SANTA DICA DO RIO DO PEIXE,
SANTA DICA DE GOIÁS,
SANTA DICA DO SERTÃO?
-NÃO.
-SANTA DICA DO RIO DE JANEIRO,
SANTA DICA DE SÃO PAULO,
SANTA DICA DO BRASIL! 

Além do cinema, Fagner também trabalhou como ator na minissérie para TV “Rainha da Vida”, mas isso é matéria para um outro artigo...

Klaudia Alvarez
Outubro 2007