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ENTREVISTA COM CACÁ DIEGUES

Além de ser um dos cineastas mais famosos do país , com uma filmografia mais do que premiada, tanto no Brasil quanto internacionalmente, Cacá Diegues também é parceiro de Fagner em Ave Noturna, uma das suas músicas mais reverenciadas pelos fãs mais antigos. Cacá também foi casado com Nara Leão, uma das musas da bossa nova e uma das responsáveis pela divulgação do trabalho de Fagner em início de carreira.

A Página dos Amigos de Fagner tem a honra e o prazer de entrevistar esse grande cineasta brasileiro que vai nos falar um pouco sobre esse seu lado musical e claro, sobre sua carreira de diretor e cineasta.

1) Cacá, grande prazer tê-lo aqui conosco. Gostaríamos que você começasse nos contando sobre o seu filme Joana, Francesa. Trilha Sonora de Chico Buarque, cantada por Fagner em 1973. Foi nesse ano que você conheceu Fagner ?
R : Não, conheci Fagner um pouco antes, graças a Nara Leão.

2) No filme, tem uma música que Fagner canta e menciona algo como “capineiro do meu pai” que, curiosamente não aparece no compacto que saiu com a trilha sonora do filme. Você sabe alguma coisa sobre essa canção ?
R :
Essa é uma canção de ninar que eu ouvia muito em minha infância, em Maceió, cantada por minha mãe e minhas tias. Introduzi a canção no filme, já que a história se passava mesmo naquela região. Não sei porque a gravação de Fagner não está no disco que foi produzido por Roberto Menescal.

3) Joana Francesa já está disponível em VHS ? Como rever o filme ?
R :
Há uma versão em VHS do filme, distribuida pela Globo Vídeo. Estamos restaurando seu negativo, que estava perdendo a cor, para relançá-lo brevemente em DVD.

4) O primeiro disco de uma gravadora lançado por Fagner foi na Philips, em 1972. Existe um compacto promocional em que Nara Leão, Ronaldo Bôscoli e outros artistas falam dele. Exatamente quando e como se deu o primeiro encontro entre Fagner e Nara Leão ?
R :
Não me lembro. Mas nessa época que Nara Leão me apresentou a ele e me fez ouvir suas canções.

5) Fagner até hoje sempre demonstra muito carinho toda vez em que menciona Nara. Ela sentia a mesma amizade em relação à ele ?
R :
Claro. Nara foi a primeira estrela estabelecida da música brasileira que compreendeu a importância e o valor de Fagner, promovendo-o e gravando suas canções. Ela tinha muito carinho por ele.

6) Fagner também participou do show de Nara naquela época. Você se lembra de algum detalhe interessante dessa época que pudesse nos contar ?
R :
Lembro-me perfeitamente da estréia desse show, no Teatro da Praia, em Ipanema, e do sucesso que os dois fizeram juntos no palco.

7) Ave Noturna. Parceria sua e de Fagner. Como foi isso ?
R :
Não tenho a pretensão de ser um grande letrista, mas tenho orgulho de ter alguns parceiros extraordinários, como o grande mestre Cartola, Caetano, Sergio Ricardo, Zé Keti e Fagner. É mole?

8) Quando Fagner produziu o disco de Nara, Romance Popular, você ainda estava casado com ela ? Pode nos falar algo sobre aquele período em que Fagner e Fausto Nilo estiveram bem próximos à ela ?
R :
Não, nesse período nós já estávamos separados e eu não acompanhei muito o trabalho do disco. Mas permaneci sempre muito amigo de Nara, até o fim de sua vida, e me lembro muito bem da estréia do show inspirado no disco, que foi um grande sucesso.

9) Você acompanha a carreira de Fagner hoje em dia ?
R :
Claro. E outro dia nos encontramos em Maceió, matando as saudades de algum tempo sem nos vermos. É sempre bom reencontrar Fagner.

10) Em Bye Bye Brasil, você convidou Fábio Júnior para participar de seu filme . Por que não Fagner ? O que você achou dele como o Padre Vítor na mini-série “Rainha da Vida”?
R :
Na época, Fábio Jr. ainda não tinha decidido pela carreira de cantor, ele entrou no filme exclusivamente por suas qualidades de ator. Aliás, ele não canta música nenhuma em “Bye Bye Brasil”.

11) O que você pensa sobre a adaptação de obras literárias para o cinema ?
R :
Não gosto muito de fazê-las, mas há verdadeiras obras primas do cinema baseadas em obras literárias.

12) De todos os seus filmes, qual o que te deu mais prazer em dirigir ? Porque ?
R :
Eu estou sempre pensando no próximo, não gosto muito de me fixar no que já fiz. Cada filme deve ser sempre uma experiência nova e única, como se fosse o primeiro.

13) O que você diria a um jovem estudante de cinema que sonhe em ser diretor de cinema no Brasil de hoje ? Vale a pena ?
R : Se for isso mesmo que ele quer da vida, sempre vale à pena. Mas ele deve se preparar para uma vida dificil, de muita incerteza. As principais virtudes do bom cineasta são a obsessão, a paciência e a tolerância.

14) Você acha que o cinema brasileiro está sendo mais assistido hoje em dia ?
R :
As estatísticas recentes demonstram isso com toda evidência.

15) Com que ator/atriz você ainda não trabalhou, mas gostaria de fazê-lo ?
R :
Ninguém em especial.

16) O cinema brasileiro está próximo de ganhar um dia o Oscar ou isso é apenas política e não vale nem a pena pensar nisso ?
R : Todo prêmio é sempre bem vindo, mas o Oscar não pode ser o juiz supremo da qualidade de um filme.

17) Qual seu próximo projeto para o cinema ?
R : Vou começar um novo filme agora em maio, que se chama “O maior amor do mundo”, um filme sobre sentimentos humanos.

18) Algum recado que você gostaria de mandar para seu parceiro, Raimundo Fagner ?
R : Apenas reiterar minha permanente admiração por ele e meu afeto por esse amigo de sempre.